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A Persistência da Memória Agosto 5, 2009

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a persistencia da memoria

A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA – SALVADOR DALI (ESPANHA. 1904-1989)

 

A Persistência da Memória é um dos principais quadros do movimento surrealista. 
Ele mostra o tempo e a memória, através dos relógios, moles e dependurados.
Querendo dizer que o tempo é maleável e relativo, onde passado e presente se fundem.
Ele mesmo se pintou no quadro, de olhos fechados e caído, como uma premonição do seu tempo futuro.
Representam o espaço infinito, os elementos como: o relógio azul, a perpectiva e a cor da terra que é eterna, porque tudo vira terra.
As cores como a de um crepúsculo, onde o dia se esvai e a noite vem chegando.
Numa praia onde termina a terra e começa o mar, fundindo com o céu infinito.
Numa mistura de sonho e realidade.

 

 

O TEMPO, A MEMÓRIA E A FILOSOFIA

A memória é uma evocação do passado. É a capacidade humana para reter e guardar o tempo que se foi, salvando-o da perda total. A lembrança conserva aquilo que se foi e não retornará jamais. É nossa primeira e mais fundamental experiência do tempo.

 

“Chego aos campos e vastos palácios da memória, onde estão tesouros de inumeráveis imagens trazidas por percepções de toda espécie… Ali repousa tudo o que a ela foi entregue, que o esquecimento ainda não absorveu nem sepultou… Aí estão presentes o céu, a terra e o mar, com todos os pormenores que neles pude perceber pelos sentidos, excepto os que esqueci. É lá que me encontro a mim mesmo, e recordo das acções que fiz, o seu tempo, lugar, e até os sentimentos que me dominavam ao praticá-las.”

 

Podemos dizer que, no nosso processo de memorização, entram componentes objectivos e componentes subjectivos para formar as lembranças.

São componentes objectivos: as actividades físico-fisiológicas e químicas de gravação e registro cerebral das lembranças, bem como a estrutura do objecto que será lembrado.

 São componentes subjectivos: a importância do facto e da coisa para nós; o significado emocional ou afectivo da coisa para nós; o modo como alguma coisa nos impressionou e ficou gravada em nós.

A consciência da diferença temporal – passado, presente e futuro – confere à memória  uma forma de percepção interna chamada introspecção, cujo objecto é interior ao sujeito do conhecimento: as coisas passadas lembradas, o próprio passado do sujeito e o passado relatado ou registrado por outros em narrativas orais e escritas.Além dessa dimensão pessoal e introspectiva (interior) da memória, é preciso mencionar sua dimensão colectiva ou social, isto é, a memória objectiva gravada nos monumentos, documentos e relatos da História de uma sociedade.

 

 OS ANTIGOS E A MEMÓRIA

Os antigos gregos consideravam a memória uma identidade sobrenatural ou divina: era a deusa Mnemosyne, mãe das Musas, que protegem as Artes e a História. A deusa Memória dava aos poetas e adivinhos o poder de voltar ao passado e de lembrá-lo para a colectividade. Tinha poder de conferir imortalidade aos mortais, pois quando o artista ou o historiador registravam nas suas obras a fisionomia, os gestos, os actos, os feitos e as palavras de um humano, este nunca seria esquecido e, por isso, tornando-se memorável, imortal.

 

OS FILÓSOFOS E A MEMÓRIA

O filósofo francês Bergson distingue dois tipos de memória:
 

A memória-hábito é um automatismo psíquico que adquirimos pela repetição contínua de alguma coisa, como, por exemplo, quando aprendemos alguma coisa de cor. A memória é uma simples fixação mental conseguida à força de repetir a mesma coisa.

 A memória pura ou a memória propriamente dita é aquela que não precisa da repetição para conservar uma lembrança. Pelo contrário, é aquela que guarda alguma coisa, facto ou palavra únicos, irrepetíveis e mantidos por nós pelo seu significado especial afectivo, valorativo ou do conhecimento.

 

A MEMÓRIA E A PSICOLOGIA

A memória não é uma cópia fiel da realidade. Esta é transformada, isto é, a memória reconstrói as informações que recebe, dando relevo a umas e apagando outras. O processo de memorização é activo e dinâmico. A memória tem um carácter selectivo, porque nem toda a informação é guardada. Ao dizermos: “O conhecimento não ocupa lugar” estamos a fazer uma afirmação incorrecta. A memória é como uma “caixa”. Quanta mais informação tem, mais cheia fica. Quando a “ caixa” está “cheia”, tem de “esvaziar”. A esse “esvaziamento” a Psicologia dá o nome de esquecimento. O esquecimento permite à memória reter ou armazenar novos conhecimentos. O esquecimento é essencial para o processo de memorização. É, pelo facto, de esquecermos que estamos aptos a fazer novas memorizações. O esquecimento apresenta uma função selectiva e adaptativa, afastando todos os materiais que não são importantes ou úteis para um normal funcionamento da nossa vida.

 

 

 

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